NÚCLEO MUSEOLÓGICO DA DELEGAÇÃO DO SUL DO INSTITUTO NACIONAL DE MEDICINA LEGAL
Os serviços públicos de medicina legal foram estabelecidos em Lisboa nos finais do século XIX, sendo Ministro da Justiça José de Alpoim.
Na sequência da Lei de 17 de Agosto de 1899 e do Decreto Regulamentar de 16 de Novembro de 1899, a Morgue de Lisboa ficou instalada junto do hospital escolar de São José, na dependência académica e científica da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa.
A partir de 1911, a direcção científica da Morgue de Lisboa transitou para a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. No final da Grande Guerra, o acanhado edifício da morgue deu lugar a um imóvel especificamente projectado de raiz, que inspirado em modelos similares austríacos, configura caso único em Portugal.
Na Primeira República, a actividade e património das circunscrições de Lisboa, Coimbra e Porto foi reformada, dando origem aos Institutos de Medicina Legal. O Decreto n.º 5:023, de 29 de Novembro de 1918, procedeu ao estabelecimento de uma rede territorial de serviços junto dos tribunais judiciais e determinou que cada circunscrição fosse convenientemente apetrechada com laboratórios científicos, museu técnico-académico, biblioteca especializada e arquivo.
O avanço da produção tecnológica abriu as portas à aquisição de maquinismos destinados à pesagem, mensuração, análise microscópica de vestígios e perícias, possibilitando aos agentes um crescente domínio do combate ao crime.
Até aos finais da década de 1950, o Instituto de Medicina Legal de Lisboa concentrou um importante conjunto de funções periciais que viriam a passar para a esfera do Laboratório de Polícia Científica da Polícia Judiciária, como o cadastro bio-métrico e dactiloscópico, a toxicologia forense, a contrafacção de moeda e a falsificação de letra e de assinatura.
A amostra de objectos e equipamentos comunicados pela Delegação do Sul do Instituto de Medicina Legal integra o respectivo Museu de Medicina Legal e testemunha a multiplicidade de funções desenvolvidas nos anos da Morgue de Lisboa e nos alvores do Instituto de Medicina Legal de Lisboa sob a direcção do Prof. Doutor Azevedo Neves.
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Secretária de trabalho e cadeira rotativa do 1.º Director do INML de Lisboa, Prof. Doutor Azevedo Neves. Trata-se de uma peça de mobília estudada pelo encomendador, elegante e funcional, que combina a secretária convencional com um módulo superior destinado a escrivaninha e estante. Produção de cerca 1930.
Foto: INML, IP
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Cofre com componentes de metal e madeira, pintado de preto e ornado a ouro, usado pela Morgue de Lisboa para custodiar os espólios encontrados em cadáveres.
Foto: INML, IP
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Amplificador fotográfico montado em estrutura de madeira, 1.º quartel do século XX.
Foto: INML, IP
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Maquinismo com fole superior acoplado. Servia para efectuar estudos comparados sobre projécteis de armas de fogo, ca. 1920.
Foto: INML, IP
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Aparelho utilizado nos exames de análise de letra e falsificação de escrita, espólio da Morgue de Lisboa, 1899-1918.
Foto: INML, IP
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Balança laboratorial, espólio do INMLL, 1930-1940.
Foto: INML, IP
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Cadeira de observações antropométricas. Modelo em madeira envernizada e ferro, em consonância com o método Bertillon avançado em Paris no ano de 1884. Este exemplar foi utilizado durante a primeira metade do século XX no registo fotográfico de agressores, vítimas de crimes e produção de prova para fins investigativos.
Foto: INML, IP
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Um aspecto da colecção de armaria proveniente da Morgue de Lisboa e do INMLL.
Foto: INML, IP
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Registo de expressões mortuárias obtidas através de moldes de cera depois passados a gesso. Sob a direcção do Prof. Doutor Azevedo Neves, o INMLL efectuou o levantamento de dezenas de expressões cadavéricas de rostos. Com base neste material, Azevedo Neves apresentou em 1930 nas "Journées Médicales de Bruxelles" o estudo Le Masque du Cadavre, concluindo que após a morte as expressões desapareciam na fase de resolução muscular, reaparecendo depois a expressão fisionómica habitual, excepto em situações pontuais.
Foto: INML, IP
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Notas bancárias de 500$00 falsificadas por Alves dos Reis no caso Angola e Metrópole, uma burla amplamente mediatizada a partir de 1925.
Foto: INML, IP
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