A consagração do Poder Judicial independente, a garantia da administração da Justiça de proximidade, através dos Tribunais e a institucionalização de redes desconcentradas de serviços especializados, implicou desde 1821 a mobilização de avultados recursos e agentes qualificados por parte do Ministério da Justiça.
A gestão de recursos e a instalação dos serviços passou pela contratualização de obrigações com os municípios, pela rentabilização de alguns bens herdados do regime político anterior a 1820, pela nacionalização dos bens da Igreja, pela capitalização do trabalho prisional e avultados investimentos.
Em resultado dessas politicas, ao longo dos séculos XIX e XX foi reunido um enorme património cultural móvel e imóvel passível de ser agrupado nas seguintes tipologias:
Património arquitectónico - conjunto de edificios herdados, adaptados ou especificamente construídos para instalação de serviços da Justiça como tribunais, estabelecimentos prisionais, internatos de menores, serviços médico-forenses, policia criminal, cartórios e conservatórias;
Património artístico - conjunto de obras de arte, nas suas mais variadas formas, sinalizadas em tribunais, estabelecimentos prisionais, centros educativos de menores e outros serviços da Justiça. Esta tipologia de património encontra-se subdividida em subtipologias matriciais de que são exemplo as tapeçarias, os vitrais, os painéis cerâmicos, entre outras formas de arte;
Objectos do quotidiano - conjunto de peças utilizadas no quotidiano do universo da Justiça. Trata-se de uma tipologia escassa, uma vez que a desafectação dos edifícios dos tribunais judiciais e das prisões comarcãs durante o Estado Novo implicou a não conservação da maior parte do antigo mobiliário. Os equipamentos reportam-se a uma panóplia de objectos desafectados, associados a funções administrativas, registrais, periciais e securitárias dos serviços da Justiça;
Património simbólico - campo centrado nos territórios do material e do imaterial, visa a comunicação de projectos relacionados com símbolos do Direito e da Justiça, a uniformologia profissional e a radicação de imagens da Justiça na cultura oral.